Claro que não é a primeira vez que reflito sobre o que é ser (ou tentar ser) um bom pai. E essas reflexões aumentaram depois que me tornei pai.
O que é ser um bom pai para vocês?
Se quisermos ser sucintos, acho que vamos falar que ser um bom pai é estar próximo, expressar afeto, dar amor. E há várias formas formas de expressar.
E, pela lógica, ser um mau pai é ser distante, "frio", abusivo.
O que eu entendi das leituras que fiz de alguns pensadores gregos e pesquisadores da psicologia positiva é que ser (ou tentar ser) um bom pai, envolve criar condições adequadas
para que o filho possa desenvolver e expressar suas principais forças e virtudes. Forças e virtudes atreladas a uma outra virtude que é a bondade.
Quando entendemos que estamos em um lugar no qual "nos encaixamos" temos mais sensação de bem estar, felicidade. Um lugar no qual é possível expressar de forma autêntica suas características, conectar-se com frequência em estado de fluxo e exercitar a gratidão diante dos bons frutos advindos das potencialidades desenvolvidas e das boas relações afetivas construídas.
Quando estudamos um pouco de psicologia, é possível entender como se dá a formação da personalidade de um ser humano por várias perspectivas diferentes.
Eu não conheci até hoje nenhum pai que atendeu de forma plena todas as necessidades básicas afetivas na criação de um pequeno ser.
Se alguém disser que o pai só fez escolhas certas ao longo de toda vida, é bem possível que a visão do mesmo esteja distorcida.
O tempo todo há conflitos e escolhas a serem feitas. Lembrando que a omissão também é uma escolha possível.
Dar liberdade para desenvolver autonomia, uma identidade, capacidades
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Vigiar e proteger das ameaças, perigos
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Deixar viver de forma mais impulsiva algumas experiências
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Controlar, cobrar, estabelecer regras, inibir
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Expressar e incentivar expressão autêntica de emoções
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Desconfiar, Conter, suprimir, disfarçar
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Incentivar a cooperação, colaboração, Compaixão
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Alertar para competição, luta, focar em si
Veja... cada escolha depende do momento, do contexto, das pessoas envolvidas.
Como deveria ser na sociedade de uma forma geral, tudo diz respeito a fazer escolhas de forma ética.
Tentando ao máximo se conectar ao momento presente, ativar a empatia e regular/expressar bem as emoções.
Tentando ao máximo fazer escolhas que trarão o menor dano possível a todos envolvidos.
O detalhe importante na relação pai-filho é que pode haver um amor intenso. E aí, quem ama, quem se conecta forma genuína e plena ao outro, está disposto a sofrer a maior parte do dano nas escolhas diante de alguns conflitos de bom grado. Isso porque a motivação primária e única do altruísmo é o bem estar do outro. A pessoa se sente bem ao ver o bem estar ou um alívio da dor do outro. O que vem à partir daí é lucro.
Um bom pai, ao meu ver, é aquele que tenta favorecer o bom desenvolvimento e o bem estar do filho com os recursos que têm e, quando erra, erra tendo a boa e verdadeira intenção de acertar.
Texto elaborado por: Dr. Rafael Thomaz. Psicólogo clínico, professor, pesquisador e pai.
Texto de muita verdade e sensibilidade. Felizmente, os tempos estão mudando, e muitos que estão se tornando pais hoje, querem acertar ou fazer o melhor, e isto vai fazer toda a diferença, porque os frutos que serão colhidos no futuro, pessoas melhores e agregadores de valores, que mesmo que tenham acontecido falhas, o amor vai prevalecer.