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COMO A PRÁTICA MEDITATIVA ALTERA O NOSSO CÉREBRO?

Atualizado: 17 de fev. de 2022

As práticas meditativas vêm se popularizando e tornando-se cada vez mais integradas ao tratamento em terapia cognitivo-comportamental. Dentre elas, o mindfulness (atenção plena) tem sido aplicada a diversas condições de saúde física e mental, recebendo muita atenção em pesquisas de psicologia clínica.




O mindfulness promove uma mudança na forma de como o indivíduo se relaciona com o mundo e com si mesmo, proporcionando uma postura atenta ao momento presente, de modo compassivo e não julgador, sempre baseada em um processo de aceitação. Sabendo que o mindfulness não é uma técnica em si, mas uma postura de vida, quais mudanças ocorrem em nosso cérebro que refletem a consolidação dessa nova atitude?


A prática de mindfulness está relacionada com a melhora da atenção executiva, sendo esta a habilidade de focar naquilo que é realmente significativo. A área do cérebro que auxilia na sustentação da atenção é o córtex cingulado anterior. Com uma prática de mindfulness relativamente breve é possível observar uma maior atividade nessa área, enquanto meditadores mais experientes apresentam um aumento na espessura cortical. A mudança no córtex cingulado anterior é um dos achados mais consistentes nas pesquisas com mindfulness.


Praticar mindfulness também melhora a capacidade de regulação emocional e proporciona uma maior consciência das emoções. Áreas do cérebro relevantes para a regulação emocional são a amigdala e o córtex pré-frontal. A amigdala é ativada frente a estímulos potencialmente ameaçadores para o indivíduo, desencadeando respostas corporais de medo e estresse. Já o córtex pré-frontal é uma região que auxilia na inibição da atividade da amigdala e, consequentemente, regulando as emoções.


Em pessoas com alto nível de ansiedade, a prática de mindfulness aumenta significativamente a conectividade entre essas regiões. Além disso, em população com um elevado nível de estresse, o mindfulness está relacionado com diminuição da massa cinzenta da amigdala e aumento do hipocampo que, além da regulação emocional, também é relevante para o processo da memória.


Um outro achado extremamente interessante é a mudança da atividade do Default Mode Network (DMN), composto por estruturas cerebrais da linha média. O DMN é ativado quando a mente divaga, quando se liga o “piloto automático”. Geralmente essa divagação está associada à processos auto referenciais, ligados a ruminações e pensamentos recriminatórios. Quanto mais experiente for o praticante de mindfulness, maior a mudança da atividade dessas regiões. Essa mudança pressupõe uma flexibilização na perspectiva do self. Observa-se que meditadores iniciantes relatam um aumento da autoestima e autocompaixão, enquanto meditadores mais experientes reportam uma redução da sua identificação com um self estático, isto é, a percepção de que a crença sobre si não define quem realmente é.

Por Gabriel Talask: Membro da Equipe FOCO - Instituto Carioca de TCC.

 

Gostaria de saber um pouco mais sobre o assunto?


Dica de material:

  • Hanson, R. (2011). O cérebro de Buda: neurociência prática para a felicidade. São Paulo: Alaúde Editorial.

  • Willams, M.; Penman, D. (2015). Atenção plena – Mindfullness: como encontrar a paz em um mundo frenético. Rio de Janeiro: Sextante.

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